Em uma bela e cansada manhã, lá estava eu na faculdade quando fui abordado por uma estudante de jornalismo. Ela era muito bonita por sinal, e me convidou para ser fonte de um jornal cujo abordariam o tema, "Jovens se tornam cada ver mais anti-sociais com as novas invenções tecnológicas". Foi a bendita mania de estar sempre com os fones nos ouvidos que a convenceu, de que eu seria a melhor pessoa a ser entrevistada e fotografada.

Pois bem, logo ali a aluna me fez uma ou duas perguntas de respostas breves, anotou meu celular e disse que ligaria para me entrevistar com mais calma e para fazer as fotos para a capa do jornal. Eu, muito simpático, disse que tudo bem e que faria o possível para auxiliá-la.
O desfecho desta história é exatamente o que você, caro leitor, já estava imaginando. Não houve uma segunda entrevista e na matéria consta falas que eu jamais diria.
Não, não vou correr atrás da entrevistadora e pedir que tire tudo a meu respeito da matéria, como muitos dos meus amigos me recomendaram. Estive pensando sobre a consequências disso: É, as pessoas vão achar que eu sou antipático; Vão achar que eu não dou valor aos meus vínculos que seria capaz de namorar um IPhone; Eu sou um gordo metaleiro que não gosta de pessoas.
E pensando bem, nenhum deles seria capaz de me trazer resultados drásticos. A minha única pulga atrás da orelha é que eu não concordo com o que estão dizendo.
E era exatamente sobre este ponto de vista que eu queria escrever hoje.
Os avanços tecnológicos estariam criando uma sociedade individalista?

Confesso que recorri à alguns professores da faculdade para chegar a tal conclusão. A resposta pra esta pergunta seria, não. Em defesa do Mp3, Mp4, IPod e IPhone, digo que aquele que os crucificar alegando isolamento de um individuo no meio de âmbito social, terá que admitir os mesmo efeitos ao computador, à televisão e ao rádio. Se pararmos para pensar, o discurso de hoje, é o mesmo do de exatos 60 anos atrás quando Assis Chateaubriand trouxe os primeiros televisores dos EUA ao Brasil. A imprensa não podia deixar de rechear seus jornais com um titúlo que nos parece familia, "A televisão está fazendo o homem trocar o contato humano pelo digital".
Entretanto, nos últimos anos temos visto grandes pensadores, verdadeiros gênios falarem mal da televisão, este fenômeno que está presente nas casas que não têm nem geladeira. Trata-se de um equívoco de tais mestres da sabedoria. Televisão é comunicação. E não adiantar encher a boca para falar mal dos tele-programas. Do mesmo jeito que existem programas fúteis, existem as inúmeras revistas de fofoca que estão nas bancas. Isso sem falar dos espaços que os livros de auto-ajuda ocupam nas livrarias!
Portanto, a cultura que os críticos sentem tanta falta existe de proporção parecida em todos os meios de comunicação em massa. Mas prolongar este assunto fugiria da pauta desta madrugada.

Falar que tais recursos tecnológicos causam o individualismo é hipocrisia quando se vive em uma sociedade, que mesmo sem o uso dos fones de ouvido, as pessoas não sequer se comprimentam.
Buscando respostas no meio filosófico, acharemos que herdamos o conhecimento de pensar de acordo com a razão ocidental de Foucault. E é exatamente este pensamento "racional", que nos faz nos fechar para uma pessoa desconhecida. Nos faz pensar que todas as pessoas são diferentes, e essas diferenças vêm acompanhadas com a insegurança, com o medo de coisas novas...
Um comentário:
´quem é tu, tatu??
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