18 de julho de 2008

Um por todos




Tinha sido só mais um dia de trabalho durante as férias. As coisas no café foram tranquilas, e a tradicional briga familiar continuava. Meus pais têm sido insuportáveis dentro de casa, estava até pensando em me mudar. Ultimamente tenho querido estar em qualquer lugar, que não seja dentro de minha própria casa. Saí do trabalho e vinha andando pra casa até que notei algo incomum. As luzes estavam apagadas, estranhei, mas não dei muita importância. Toquei o interfone, minha mãe desceu e abriu a porta pra mim. Meio sem jeito eu a comprimentei com um "olá" e vim pro computador. Ela veio atrás de mim, sentou-se ao meu lado, e em prantos contou-me que meu pai e meu irmão do meio haviam brigado, e que o Vinícius disse que nunca mais voltaria para esta casa. Logo aqui ao meu lado, vejo algo quebrado no chão, que parece ser uma xícara. Enquanto a minha mãe dizia como ela têm se sentido ultimamente, fui ligando o computador. Até que ela se chateou com a minha atitude, levantou-se e foi chorando até o quarto dela. De acordo com ela, meu pai passou muito mal, e ele não dessas coisas. Eles estão se sentindo dois incompetentes que não sabem lidar mais com seus filhos. Meu irmão mais velho, o Paulinho, não estava presente. Ele viajou pra Itaúnas nesta manhã. Pressinto que as coisas tomarão novos rumos a partir de hoje. O que não é nada bom. Queria poder fazer algo, para que meus pais sentissem orgulho da forma que eles me criaram, queria fazê-los enxergar que me tornei um cara competente, ético e bom. Seria bacana se eles vissem que eu não sou um bêbado drogado. Eu não sei como fazer isso, na verdade não sei nem o que devo fazer agora. Os cinco elementos desta família se desuniram, e o que está nos unindo agora é a dor. O que aconteceu hoje a noite mexeu tanto comigo, que liguei para meu irmão mais velho, e pedi para que ele conversasse com o Vinicíus já que ele não conversa comigo há muito tempo. Sinto que estamos fracassando uns com os outros. E tenho medo do dia que me espera amanhã. Como eu olharei para os integrantes desta casa, como eles olharão pra mim, o que será que minha mãe vai me dizer desta vez? Não faço a mínima idéia, mas a tática continua sendo a mesma. Estarei aberto para todo e qualquer possível diálogo, e manterei os olhos para cima, pensando sempre positivamente, e com a esperança de que tudo voltará a ser normal.

E já estava encerrando. Tinha até bolado um bom final pra tudo isso que escrevi aí em cima, até que meu celular tocou. Era meu irmão, aquele que eu tinha ligado há pouco pedindo para ligar para o Vinícius e ver o que aconteceu. Enfim, meu irmão perguntou-me em um tom de muito arrogância se por um acaso eu poderia abrir a empresa da família amanhã. Como amanhã eu trabalharei durante todo o dia no café, disse que era impossível. Chateado, ele não poupou palavras, e disse que eu sou ingrato, e que não tenho humildade o suficiente para me desculpar das minhas atitudes. O que ele disse ainda está meio confuso na minha cabeça. Chego a pensar que tudo isso não está acontecendo. Em resumo, ele disse que eu não sou da mesma família que ele, e disse que tudo que aconteceu nesta noite foi culpa minha. Que meu pai descontou no Vinícius toda a raiva que estava sentindo de mim. E se era intenção dele gerar em mim um sentimento de culpa, ele fracassou. Eu não sei o que está acontecendo a minha volta, mas alguma coisa está com os dias contados. Vou me deitar porque amanhã, o dia começa cedo. Hoje foi só o anúncio de uma longa e tenebrosa tempestade, e que a calmaria ainda não vai dar sinal de vida tão cedo.

2 comentários:

Camiz disse...

"Se as relações familiares não fossem intrinsecamente complicadas, não existiria o mandamento: Honrarás pai e mãe" [Lya Luft]

http://acrosscamizuniverse.blogspot.com/2008/06/peixinho.html

Boa sorte, respira fundo. "Por mais que a chuva venha, sempre tem um céu azul" ;)

Maria Eduarda disse...

estou do seu lado para o q precisar. e lembre-se, é clichê, mas é verdadeiro, sempre depois de uma tempestade vêm ótimos momentos.

fique bem.
até amanhã!