25 de março de 2009

"Pro dia nascer feliz" em dois lados opostos


“Pro Dia Nascer Feliz”, um filme-documentário sensacional produzido por João Jardim. O diretor durante o filme exibiu depoimentos de professores, diretores e funcionários de colégios públicos e privados, contando também com comoventes relatos de estudantes de faixa etária parecida. Realizado de abril de 2004 até outubro de 2005, em diferentes estados brasileiros, o filme levanta a questão dos efeitos da desigualdade social nas salas de aula.
A emoção começa com o drama de uma adolescente do interior de Pernambuco, Valéria. Admiradora de grandes nomes da literatura brasileira, a jovem busca no sertão inspiração para escrever poemas, e nos livros pesca a motivação para superar as dificuldades da vida de um aluno da rede pública de Manari.
Depois, é a vez de um colégio da favela de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Lá, conhecemos outro adolescente, Deivisson Douglas, que ao contrario da pernambucana, não evidenciava interesse no aprendizado em sala de aula e sim no mundo da música. O jovem participa da banda do colégio. Típico favelado em meio as responsabilidades escolares e a vida no crime. Além de já ter aborrecido professores e diretores da escola onde estuda, o desapego pelos livros convence o telespectador a duvidar do futuro do rapaz.
A última parada é uma escola particular de São Paulo. João entrevista cinco jovens de idades parecidas. Eles, que se auto-classificaram como a elite brasileira, desenvolvem algumas reflexões sobre os efeitos e possíveis soluções para a desigualdade social.
A semelhança dos exemplos expostos no filme são os problemas que cada jovem enfrenta perante as responsabilidades na vida dentro e fora do colégio. A falta de infra-estrutura das escolas, ausência da participação dos pais, a necessidade precoce de ingressar no mercado de trabalho e como isso poderá comprometer o futuro dessa nova geração.
O documentário conta ainda com testemunhos de professores, diretores e funcionários que influenciam diretamente na trajetória escolar desses estudantes. Eles, por sua vez, apontam erros e falhas na legislação que tolera a inadimplência desses profissionais.
A crítica trazida é clara: a injustiça social chegou ao setor fundamental da sociedade, a educação. Agora, ela castiga milhões de adolescentes e favorece os filhos dos burgueses. As escolas particulares se ampliaram, e cresceram – implantaram a lógica de que educação de qualidade não é de direito a todos, e sim àqueles que possuem capital para adquirir tal mercadoria.
O longa-metragem nos comete a reflexão de qual seria o verdadeiro papel das instituições de ensino, educar para vida ou somente para o vestibular? Qual é o grau de importância de matérias como física e química, quando não se sabe qual é a verdadeira situação dos mais afetados pelo sistema que vivemos? Será que isso diz respeito à burguesia?
O cenário ao qual chegamos é certamente de culpa de cada um de nós. E como privilegiados do preceito capitalista, deveríamos assumir como necessidade, a participação na melhoria nas condições de vida dos desfavorecidos. Ao me referir a isso, dispenso a sugestão de doações em datas comemorativas. Já passou da hora de estender a mão para levantar aqueles que foram derrubados pela realidade em que vivem.
Se juntos apostarmos nessa idéia, as conseqüências do gigante contraste da desigualdade social irão diminuir e poderemos assim, sonhar com uma comunidade altruísta e mais justa para as futuras gerações.

3 comentários:

Manoella Mariano disse...

Hum, agora tá com cara de blog de jornalista. Me apeguei sim, tô triste mas vou ficar feliz.

Anônimo disse...

Sabia? Gostar é pouco...

Anônimo disse...

Humm, do Blog? Amei. Escreve bastante.